A pensão alimentícia é um dos pilares do Direito de Família e um direito fundamental para garantir o sustento, a saúde, a educação e o bem-estar de crianças e adolescentes. No entanto, uma das situações mais angustiantes e, infelizmente, comuns, é quando o genitor responsável pelo pagamento simplesmente para de cumprir com sua obrigação.

Essa inadimplência gera não apenas dificuldades financeiras, mas também um enorme estresse emocional para a mãe ou o pai que tem a guarda da criança. A pergunta que surge é imediata: o que eu posso fazer para resolver isso?

A boa notícia é que a lei oferece mecanismos eficazes para cobrar os valores atrasados e garantir que o direito do seu filho seja respeitado.

A Pensão Alimentícia é um Direito Irrenunciável do Filho

Antes de mais nada, é crucial entender que a pensão alimentícia não é um favor, mas sim uma obrigação legal e um direito irrenunciável da criança ou do adolescente. Ela não pode ser ignorada, perdoada informalmente ou deixada de lado. O não pagamento é um ato ilícito e passível de cobrança judicial.

O Caminho Legal: A Ação de Execução de Alimentos

Se o diálogo e as tentativas amigáveis de cobrança não funcionaram, o caminho correto e seguro é ingressar com uma Ação de Execução de Alimentos na justiça. Este é o instrumento jurídico que permite cobrar os valores devidos. Para isso, é indispensável ter em mãos a decisão judicial (ou o acordo homologado em juízo) que fixou o valor da pensão.

Existem, basicamente, dois ritos (procedimentos) para essa cobrança, e a escolha dependerá da situação específica:

1. Rito da Prisão Civil (Para as 3 últimas parcelas)

Este é o método mais conhecido e, muitas vezes, o mais eficaz para forçar o pagamento rápido.

  • Como funciona: Ele pode ser utilizado para cobrar as três últimas parcelas em atraso antes do ajuizamento da ação, além das que vencerem no decorrer do processo.
  • O que acontece: O devedor é intimado pela justiça para, em 3 dias, pagar o débito, provar que já pagou ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.
  • Consequências do não pagamento: Se o devedor não pagar nem apresentar uma justificativa aceita pelo juiz, poderá ser decretada sua prisão civil por um período de 1 a 3 meses. É importante ressaltar que a prisão não quita a dívida, ela serve como uma medida coercitiva para forçar o pagamento.

2. Rito da Penhora de Bens (Para débitos mais antigos)

Este procedimento é utilizado para cobrar dívidas mais antigas (além das três últimas parcelas) ou quando não se deseja pedir a prisão do devedor.

  • Como funciona: O devedor é intimado para pagar a dívida em 15 dias.
  • Consequências do não pagamento: Se o pagamento não ocorrer, o valor da dívida é acrescido de multa e honorários advocatícios. A partir daí, a justiça pode determinar a penhora de bens para quitar o débito. Isso inclui:
    • Bloqueio de contas bancárias (penhora online).
    • Penhora de parte do salário (até um certo limite).
    • Penhora de veículos e imóveis.
    • Suspensão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e do passaporte.
    • Inclusão do nome do devedor em cadastros de inadimplentes (SPC/Serasa).

Dica Essencial: A Importância da Documentação

Para que o processo de cobrança seja rápido e eficiente, a organização dos documentos é fundamental.

  • Guarde a decisão judicial: Tenha sempre em mãos a sentença ou o acordo que fixou o valor da pensão. Sem ele, não é possível iniciar a execução.
  • Mantenha um registro dos pagamentos: Anote as datas e os valores de todos os pagamentos recebidos (ou a falta deles). Guarde os comprovantes de depósito ou transferência. Isso facilita o cálculo do valor exato da dívida.

Não Deixe o Direito do Seu Filho de Lado

A inércia diante da falta de pagamento da pensão só prejudica a criança ou o adolescente que depende desse recurso para viver com dignidade. A lei oferece ferramentas poderosas para garantir que a obrigação seja cumprida.

Se você está enfrentando essa situação, não hesite em buscar orientação jurídica. Um advogado especialista em Direito de Família poderá analisar seu caso, calcular o valor da dívida e escolher o melhor caminho para proteger os direitos do seu filho.

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