Muitos trabalhadores enfrentam a mesma situação: passam meses, ou até anos, trabalhando em uma empresa sem registro na carteira. A dúvida é inevitável: “Será que eu tenho algum direito se não tenho carteira assinada?”
A resposta é clara: sim, você tem direitos. O fato de o empregador não registrar o contrato de trabalho não elimina as garantias legais previstas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Essa prática, infelizmente comum, é ilegal e pode trazer sérios prejuízos ao trabalhador, mas a lei protege quem se encontra nessa condição.
O que caracteriza o vínculo empregatício?
Muitos acreditam que, sem carteira assinada, não há vínculo formal, mas isso é um equívoco. Se a relação de trabalho apresenta os requisitos previstos em lei — pessoalidade, habitualidade, subordinação e remuneração —, o vínculo empregatício existe, mesmo sem o registro.
Isso significa que, se você cumpre horários, recebe ordens, executa suas funções de maneira contínua e recebe salário, é considerado empregado e tem direito a todas as garantias trabalhistas.
Quais são os direitos do trabalhador sem registro?
O trabalhador sem carteira assinada pode exigir:
- Registro retroativo na CTPS desde o primeiro dia de trabalho.
- Depósitos de FGTS correspondentes a todo o período trabalhado.
- Férias + 1/3 constitucional por cada ano trabalhado.
- 13º salário proporcional ou integral.
- Recolhimento de INSS, que conta para aposentadoria e benefícios como auxílio-doença e salário-maternidade.
- Horas extras, adicional noturno e insalubridade, caso se aplique.
- Seguro-desemprego, em caso de demissão sem justa causa, desde que o vínculo seja reconhecido.
Como comprovar o vínculo sem carteira assinada?
O trabalhador pode utilizar diferentes meios de prova, tais como:
- Mensagens de WhatsApp, e-mails ou registros eletrônicos com ordens de serviço.
- Comprovantes de pagamento, transferências ou recibos.
- Crachás, uniformes, ponto eletrônico ou qualquer documento que indique a rotina de trabalho.
- Testemunhas: colegas que possam confirmar a existência do vínculo.
Essas evidências podem ser fundamentais em uma ação trabalhista.
O risco da informalidade
Muitos aceitam o trabalho sem carteira por acreditar que terão vantagens no curto prazo, como o recebimento de um valor líquido maior. Mas essa escolha pode custar caro: a falta de registro deixa o trabalhador desprotegido em momentos de maior necessidade, como doença, gravidez ou desemprego.
Sem registro, não há acesso ao seguro-desemprego, auxílio-doença, salário-maternidade ou aposentadoria futura.
Conclusão
Trabalhar sem carteira assinada não significa estar sem direitos. Pelo contrário, a legislação trabalhista garante proteção integral ao empregado, ainda que o empregador tenha agido de forma irregular.
Se você está nessa situação ou conhece alguém que está, não se cale. Buscar seus direitos é um passo essencial para garantir segurança, justiça e dignidade no trabalho.
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